segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

UM POUCO DE POESIA... AFINAL, NINGUÉM É DE FERRO



 Dizem que a poesia produz um momento lúdico  e de serenidade. Deixo aqui dois poemas; um deles, o primeiro, de um dos maiores poetas evangélicos do Brasil. Leia e emocione-se.


Fica, Senhor, comigo!
Gióia Júnior

Fica, Senhor, comigo; a noite é vasta e fria.
Segura a minha mão, até que chegue o dia.
Em Tua companhia é claro o meu caminho
e eu não quero ficar para sempre sozinho.
Não fosse o Teu cuidado, e eu, por certo, estaria
abatido e infeliz, numa senda de espinho.

Fica, Senhor, comigo; o coração da gente
é fraco e pequenino e bate fortemente
ao ruído menor dos prenúncios fatais,
de procelas cruéis e rudes temporais...
Dá que eu possa sentir, Senhor, eternamente,
amparando meu ser, Teus braços paternais.

Fica, Senhor, comigo; a mocidade passa
como a leve espiral escura de fumaça
e a solidão do velho é triste e sem alento
e plena de incerteza e mau pressentimento.
A Teu lado eu terei consolo na desgraça,
conforto na miséria e paz no sofrimento.

Fica, Senhor, comigo; os meus olhos sem luz
querem também Te ver na Estrada de Emaús
da minha vida, pois só Tu és meu abrigo,
meu amigo melhor, meu verdadeiro amigo.
Por isso é que Te peço, ó bendito Jesus,
eu não quero estar só. Fica, Senhor, comigo!


Mal Secreto
Raimundo Correia

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

Nenhum comentário:

Postar um comentário