O mundo acordou hoje tão surpreso
quanto ficou, ao ver a fumaça branca surgir da Capela Sistina, e ecoar a famosa expressão
"Habemus Papam" ("Temos Papa" em português) em abril
de 2005, quando Ratzinger de 78 anos, foi eleito papa, tendo escolhido como nome Bento XVI.
Ratzinger, homem culto, fluente
em alemão, italiano, francês, latim, inglês, castelhano possui conhecimentos
de português, lê o grego antigo e o hebraico; é também membro de várias
academias científicas da Europa. É pianista e dirigiu a Congregação para a
Doutrina da Fé, órgão substituto do Tribunal do Santo Ofício, ou como queira, a
Santa Inquisição.
Este artigo não tenciona fazer
crítica à decisão do papa em renunciar, a primeira renúncia em quase 600 anos;
acho até um ato de nobreza da parte de Ratzinger em favor da sua denominação.
Mas gostaria de opinar sobre o que considero serem as razões para tal decisão.
Vejamos:
1. A perda de influência política do papado. O papa, que em
séculos passados exerceu uma influência política tão grande a ponto de
praticamente nomear Reis e imperadores, viu a influência do papado ser carcomida por fatos que o catolicismo não se preparou para enfrentar; situações como a diminuição das monarquias
absolutas em razão de proclamações de repúblicas em volta do mundo; o aumento
das monarquias constitucionais (em que os reis são quase objetos decorativos);
o aumento da democracia em diversos países; o aumento da alfabetização no
terceiro mundo e outros tantos fatos que poderíamos citar.
2. A evasão de católicos para outras denominações, religiões
e até o ateísmo. O mundo vive um aumento de espiritualidade; até os que não
confessam fé alguma sentem-se pressionados a expor que são ateus. Isto tem tido
efeito em todas as denominações religiosas; no meio dos evangélicos,
especialmente no Brasil, produz as mudanças constantes de membros "igrejas" e o surgimento de igrejas que vão aos poucos deturpando e até ridicularizando o evangelho;
mas para o catolicismo este fato tem sido catastrófico! Para se estabelecer um
parâmetro do efeito, os padres midiáticos aumentam a cada dia, o movimento de
Renovação Carismática copia claramente a liturgia de cultos evangélicos, e até
"treina" católicos para falar línguas estranhas, algo evidentemente
retirado da teologia evangélico-pentecostal. Essa mudança de posição tem um
claro propósito: trazer de volta aos ritos católicos os católicos não-praticantes e
evitar quer os praticantes se evadam para outras igrejas ou
religiões.
3. O crescimento do Islamismo no mundo. É evidente que o
crescimento do Islamismo tem, além de razões históricas como as Cruzadas, o
fator fecundidade, pois o islamismo incentiva seus praticantes a terem muitos
filhos e assim aumentar o Islã. Mas três fatos acenderam a luz amarela no
vaticano: a) O Islã teve taxa de crescimento assustadora no ocidente; pra se
ter ideia, o Islã há 40 anos, no Brasil, o Islã era uma religião de imigrantes do oriente,
hoje tem no país quase 3.000.000 de adeptos. b) Nos países asiáticos e
africanos, o Islã apropriou-se do discurso de combate à miséria, antes uma arma
do catolicismo; no ocidente, o Islã arrebanha adeptos com um discurso social de
igualdade entre as raças e da religião como um estilo de vida e de
solidariedade. (Evidente que não estou defendendo ou justificando o Islamismo,
mas apenas citando fatos claramente comprovados por números estatísticos e
estudos antropológicos).
4. A falta de uma linguagem clara dos princípios teológicos
da fé católica. É fato que o catolicismo sempre teve dificuldade para trazer os
seus princípios dogmáticos à compreensão geral do povo; Chegou a celebrar missas em
latim! Quantas pessoas você conhece, que ao menos entende latim? Um outro
problema é a dificuldade que o católicos comuns, especialmente os mais jovens,
têm em entender ou expor os dogmas do catolicismo; raramente encontro católicos
que saibam expor os sete sacramentos do catolicismo, assuntos tais quais mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos do terço, e outros tantos dogmas que fazem parte da doutrina
católica. Isto acaba por produzir um abismo entre a teologia doutrinal e a
teologia prática dos católicos. Neste particular as igrejas evangélicas são beneficiadas por uma linguagem mais popular dos seus pastores e pelo incentivo à leitura, tanto da bíblia quanto de livros devocionais.
Ratzinger, como homem culto e consciente que
é, tem a clareza da situação; sabe que a empreitada é grande demais para um
homem de 86 anos, que além de não possuir vigor físico enfrenta todos as demais
limitações de sua idade; ele também não parece querer mudar seus métodos e até
abrir mão de princípios pessoais construídos durante anos e anos de ministério
presbiteral e de cardinalato.
Que sua atitude, e os fatos que o
levaram a toma-la, possam ser pedagógicos para quem exerce o ministério.
Aprendamos com todos, tanto com as pessoas com quem concordamos, quanto com as
de quem discordamos.
Parabéns amigo, com sua perminação, estarei postando este artigo em meu blog e é claro dando-lhe os créditos de direito
ResponderExcluirFico honrado com suas considerações. Tem toda liberdade de postar em seu blog. Abraços.
Excluira paz do senhor
ResponderExcluirTem algo muito mais por trás dessa renúncia, pode ter certeza. Vamos pesquisar mais.
Procurem no youtbe, sobre os iluminatis, a profecia de São Nicolau, sobre o recresso de Joao Paulo II e não a reinado do atual papa até o final. É mito interessante, tudo está coincidindo.
juiz de fora-Marcelo
Pedofilia na Igreja (especialmente na Irlanda), corrupção, o Papa não conseguiu impor sua linha de conduta e cobater os maiores males da Igreja Católica!
ResponderExcluirRealmente coerente e procede a sua opinião, mas também acho que tem mais coisas, além destas.
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