segunda-feira, 20 de maio de 2013

ESTOU COM MEDO DOS EVANGÉLICOS


Quero reproduzir aos amigos uma conversa que tive com dois vizinhos do templo, e portanto meus vizinhos, uma vez que a casa pastoral onde moro é anexa. Vou chamá-los de José e Maria, para evitar uma exposição desnecessária.

José, um quarentão pacato, não pratica nenhuma religião; como já o havia convidado a nos visitar, sem sucesso, perguntei a razão da recusa; até lhe sugeri, caso não se sentisse muito à vontade em nosso templo, havia outras igrejas evangélicas que poderia visitar; ele disse-me que não havia nada de errado nem com nossa igreja nem entre nós, mas que ele estava com muito medo dos evangélicos. E antes que perguntasse o porquê desse medo ele acrescentou:
“Pastor, gosto muito de ouvir programas evangélicos na TV e até já contribui com alguns pastores para manterem seus programas no ar. Mas nos últimos dois anos eu estou assustado com a forma como os evangélicos se odeiam; vocês pregam que devemos viver o amor de Jesus, mas vivem falando mal uns dos outros inclusive nos programas da TV e “das rádios”. Vocês parecem que vivem sempre em guerra para serem melhores que os outros, que a igreja do pastor A é mais poderosa que a do pastor B; vocês se chamam de otários e até de filhos do diabo; como posso me sentir bem no meio de gente assim?  Eu prefiro ficar na minha casa brincando com meus netos e assistindo meu futebolzinho e tomando minha cervejinha no final de semana. Nunca fui religioso pastor e agora quero ser menos ainda. Sempre pensei que talvez um dia eu até me tornasse evangélico, pois achava vocês bem bacanas, mas hoje nem penso mais nisso.  O dia que eu morrer Deus me dá o lugar que achar que eu mereço".

Já dona Maria, uma senhorinha muito gentil, católica fervorosa, me disse o seguinte: "Pastor, sou católica mas amo todas as religiões! Bem na frente da casa da minha filha onde vou todas as noites, tem uma igrejinha, “dessas que abrem sempre”. Eu escuto o culto deles todos os dias. Outro dia o “celebrante” de lá me convidou pra ir numa campanha de sete quintas-feiras pra derrotar o devorador dos lares, eu respondi que ia, mas não fui, pois tenho muita “cisma” de ir lá. Não que os cultos sejam ruins não pastor, mas é que lá eles falam demais no coisa ruim (o senhor sabe quem é); e tem um negócio esquisito que eles falam lá; um tal de derrubar o irmão perseguidor, o irmão fofoqueiro, o crente vermelho (que eu nem sei o quem é); e eu prefiro não arriscar. O senhor sabe me explicar o que é esse negócio desses irmãos esquisitos"?

Apesar desses casos parecerem até um pouco engraçados, me fizeram pensar em como as pessoas se sentem com a  maneira como anunciamos o evangelho.
Não quero aqui justificar as desculpas dadas por esses meus vizinhos, pois quem sente a necessidade de ser salvo deve superar dificuldades, mal entendidos e preconceitos; mas não se pode dizer que eles não tenham um pouco de razão.

Penso que já é hora de nós cristãos, sermos mais criteriosos em pregar o evangelho; já é hora também de nós que pastoreamos o rebanho de Deus assumirmos a responsabilidade de líderes, e até sob pena de algumas antipatias, escolhermos melhor as pessoas a quem entregamos os púlpitos de nossas igrejas e as tribunas de nossos eventos de evangelismo de massa. Que Deus nos oriente!