Vivemos dias
confusos e mal definidos. Quando aceitei a Cristo como meu único salvador,
ainda na infância, meus amigos passaram me chamar de crente, crentinho e outros
nomes afins. Foi ai que uma professora, ainda na escola primária, definiu-me e
defendeu-me da sanha zombeteira dos coleguinhas, dizendo que eu era um PROTESTANTE,
e que tinha direito de professar a fé que quisesse. Ufa, que alívio! Mas ao
final da aula, perguntei à “tia” o que significava aquela palavra, que pra mim
era impronunciável. Ela com sabedoria e carinho me explicou que protestante era
aquele que discordava de alguma lei ou norma e expunha sua discordância; e que
no caso da religião os protestantes eram assim chamados por rejeitarem os
dogmas católicos e se apegarem exclusivamente à bíblia. Sai dali e todos que me
perguntavam se eu agora era crente mesmo eu respondia que era um protestante.
Mas o tempo e
a infância passaram, e me mudei da zona rural para uma cidade de médio porte e
lá as igrejas protestantes eram chamadas de evangélicas. Outra confusão na
minha mente adolescente! Mas ai foi que meu pastor me explicou que, após a
reforma protestante, outros movimentos religiosos surgiram, criando correntes religiosas diversas,
entre elas: os calvinistas, os batistas, os metodistas, os pentecostais e
etc... Então se convencionou chamar de evangélicas todas as igrejas cristãs que
tinham como princípio seguir e obedecer aos ensinos de Cristo expostos nos
evangelhos, e explanados nas cartas Paulinas, gerais e universais do Novo
Testamento. Ensinou-me também, que nós, assembleianos, além de evangélicos, éramos
pentecostais, por crermos na contemporaneidade dos dons espirituais presentes
na igreja primitiva.
Com o passar do
tempo, sendo o ser humano crédulo e adorador por natureza, e com a busca
constante do transcendente, vemos hoje no meio dos evangélicos e pentecostais um
novo movimento religioso: o neopentecostalismo.
Estes se caracterizam por sua visão sobrenatural de tudo que diz
respeito à vida religiosa. Se alguém está doente, está em pecado; se é pobre é
porque não é fiel a Deus; se tem um filho com problemas de drogas é maldição
hereditária; assim formam um caldeirão de ensinamentos rechaçados pelos
evangélicos, tanto das igrejas históricas quanto das pentecostais clássicas.
O mais
preocupante é a banalização do termo evangélico. Infelizmente ser "evangélico" hoje não significa mais
seguir fielmente o evangelho de Jesus Cristo, mas pertencer a uma determinada denominação religiosa cujos líderes agem como verdadeiros donos, tratando a membresia como seres sem capacidade
pensante. Ser evangélico hoje é estar entre os que usam o evangelho de Jesus para ganhar
dinheiro, causando todo tipo de escândalo, inclusive político, trazendo um
prejuízo imensurável ao verdadeiro evangelho. Este lamentável fato tem
produzido todo tipo de desvio: entre outros, a sacralização da denominação em detrimento do
evangelho; a aceitação de líderes cabotinos como se comportam como semideuses,
algo demonstrado nos títulos que se autoconcedem, como por exemplo, apóstolo, a
até o famigerado título que assassina a língua portuguesa, o "paipóstolo".
Quero fazer um
contraponto e dizer que independente destes fatos ocorrerem no meio da igreja,
não é bíblico deixarmos de congregar, por considerar a existência de aberrações
doutrinárias (HB 10: 23, 25). Sabemos que a Graça de Deus é tão infinitamente
superior, que se manifesta nos corações sinceros, mesmo em meio à podridão (AP
3: 1, 6).
Vem então a
pergunta crucial: Se os fundamentos se abalam, que poderá fazer o justo? (SL 11: 3) Amados! Apeguemo-nos à palavra. A
situação é tão complexa, que chegamos ao ponto de usar um texto aplicado aos que, no Antigo Testamento, davam orientações espirituais baseados na necromancia: À lei
e ao Testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva (IS 8: 20).
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