domingo, 25 de março de 2012

O COMBATE DO BISPO E DO APÓSTOLO PODE SER ÚTIL???



Na semana anterior a emissora do bispo  mostrou, entre outras coisas, fatos e opiniões sobre a vida do apóstolo que muitos de nós não sabíamos. Com certeza, esse é um terreno movediço, sobre o qual devemos andar com muito cuidado. A primeira reação que temos é a de indignação. Indignação com o bispo, pois mostrar tais fatos, sem dúvida, prejudica o evangelho; então pensamos que talvez o melhor fosse não mostrar. Mas também nos indigna (aos que não sabiam) saber que o apóstolo, que muitas vezes faz apelos desesperados por ofertas de valor alto, para manter no ar programas televisivo para a pregação do evangelho,  pode ter usado tais ofertas em benefícios pessoais, enquanto alguns de seus templos estão com ordem de despejo por não quitar os alugueis.
Antes de qualquer juízo é preciso entender que os documentos mostrados na reportagem são autênticos, uma vez que estão registrados na fé pública de um cartório devidamente reconhecido. Então, as ordens de despejos e a escritura mostrada não são uma fraude criada pelo bispo para prejudicar o apóstolo. Independente das intenções do bispo, a verdade mostrada não foi criada por ele; e a verdade, mesmo que cause um flagrante desconforto inicial faz sempre bem; prefiro uma verdade amarga que uma mentira doce. É inadmissível que em um templo onde há fiéis que contribuem, haja aluguéis atrasados e principalmente ordens de despejos, pois é a isso que respondem os dízimos e ofertas de seus membros. Outra coisa inadmissível é um líder de uma igreja evangélica ir á TV e dizer aos membros para que não contribuam na congregação onde reúnem, mas que (uma determinada oferta) depositem numa conta específica da igreja sede; isso coloca em xeque a honestidade dos líderes congregacionais pra dizer o mínimo; ademais, igrejas não são franquias, em que vise lucros desta ou daquela unidade.
Outro ponto a ser observado é a maneira como se investe a contribuição dos fiéis. A contribuição recebida em uma igreja visa (ou deveria visar) a multiplicação do evangelho em locais ainda não alcançados, manutenção e melhora dos templos existentes e socorro assistencial aos necessitados. Cada pastor que viva integralmente para o serviço da igreja, não se dedicando a nenhuma outra atividade profissional, deve receber uma prebenda; conforme ensina a Palavra em 1ª Corintios 9: 1, 14.  Não sabem que os que trabalham para o templo comem à custa do templo e os que vão apresentar as ofertas sobre o altar recebem uma parte dessas ofertas?  Do mesmo modo, o Senhor determinou que aqueles que anunciam a boa nova vivam à custa desse trabalho. Então o sustento de quem vive integralmente do evangelho é bíblico. Porém os bens pessoais do pastor não podem ser adquiridos com o montante de renda da igreja, e sim com a prebenda que este recebe. Antigamente, o fato do pastor receber uma prebenda pre-estabelecida era um argumento do romanismo para constranger novos convertidos, mas hoje o uso deste argumento para criticar os pastores nada mais era que desonestidade intelectual, uma vez que padres e outros religiosos são também sustentados por suas denominações, sejam com ofertas recebidas ou com esportulas cobradas por suas igrejas, como missas, sacramentos e outras atividades sobre as quais há um valor especificado.
Mas, amados, toda esta indignação pode ser útil, pois  nos dá a oportunidade de refletir sobre reais diferenças entre uma igreja e uma empresa.
Igreja, “EKLÈSIA”: Grupo de pessoas chamadas por Deus para fora do sistema pecaminoso que impera no mundo. Esta é uma definição mais “espiritual” do termo. Juridicamente, a igreja é uma entidade de direito privado, que tem como objetivo a pregação de uma doutrina religiosa da qual comungam os membros desta; esta definição jurídica aplica-se mais especificamente ás denominações evangélicas atuais.  
A igreja (“EKLÈSIA”) é a união do povo de Deus na face da terra, que tem como objetivo a pregação do evangelho de Cristo; portanto, quem prega um evangelho divorciado da escritura bíblica e neotestamentária, pode se encaixar no termo jurídico, mas nunca nos termos bíblicos. Juridicamente, a igreja não pode visar lucros, como também não pode distribuir cotas financeiras aos seus líderes.
Já uma empresa é uma organização particular ou societária que visa oferecer produtos e serviços com o objetivo de alcançar rentabilidade financeira ou social. Para obter rentabilidade ou lucro, uma empresa pode usar todas as ferramentas disponíveis: abertura de filiais, contratação de colaboradores com maior capacidade de produção, exibição de propaganda em todas as mídias disponíveis, adaptação dos produtos oferecidos para que atendam aos anseios dos clientes; podem inclusive abrir franquias, ou distribuir parte dos lucros arrecadados aos colaboradores os incentivando a produzir mais, a fim de que o lucro da empresa aumente.
Vê-se com facilidade que os objetivos a serem alcançados por uma empresa e os métodos  empregados para alcança-los são diametralmente opostos (perdoe-me a redundância) aos de uma igreja. Posto que o prejuízo para o evangelho já está feito, e não é de agora, pois os métodos que o bispo e o apóstolo usam são motivos de críticas até de evangélicos mais fundamentados, resta-nos agora fazer uma análise sincera da nossa posição quanto à igreja a que pertencemos. Desafio você irmão a responder algumas perguntas você mesmo.
A igreja (denominação) que pertenço tem pregado e ensinado o evangelho com fidelidade doutrinária e teológica? A igreja (denominação) a que pertenço é criteriosa na ordenação de ministros e obreiros analisando os princípios bíblicos e a vida cotidiana destes, observando não somente a sua vocação, formação, mas também o seu testemunho na família e na sociedade? A igreja (denominação) a que pertenço cumpre as ordenanças bíblicas referentes à disciplina moral de seus membros, evitando assim que condutas reprovadas biblicamente e socialmente se tornem comuns aceitáveis no seu seio? A igreja (denominação) a que pertenço sustenta os ministros que a servem integralmente com uma prebenda (ou ajuda de custo) previamente determinada; ou lhes dá uma comissão das contribuições arrecadadas? A igreja (denominação) a que pertenço possui um corpo ministerial composto de obreiros auxiliares ativos no serviço cristão e com livre acesso ao pastor local ou ao presidente desta? A igreja (denominação) a que pertenço disponibiliza os registros de suas contribuições financeiras aos seus membros, para que estes possam participar da vida financeira desta? A igreja (denominação) a que pertenço mantém obreiros e missionários em locais sem recursos, mesmo que destes lugares não lhes venha qualquer resultado financeiro?
Precisamos amados, repensemos nosso conceito de cristianismo. Não estamos precisando de um novo cristianismo, mas o cristianismo bíblico; o desenvolvimento cultural, sociológico e tecnológico pode (e deve)  ser usados para divulgar o evangelho, mas não deve ser instrumento para distorcê-lo ou desvirtuá-lo. Que Deus nos ajude com discernimento claro, pois a bíblia diz que temos a mente de Cristo e discernimos tudo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário